Resumo: Artigo 36221
Desvelando a noção de competência demandada nos serviços de recrutamento e seleção de trabalhadores: do gesto à atitude requeridos.(7,10,12,16,34,41)
Corina Farinha, Centro Federal de Educação Ecnológica de Minas Gerais, BrazilAntonio Tomasi, Centro Federal de Educação Tecnológica CEFETMG, Brazil.
Apresentação: Thursday, May 29, 2008 1:15PM - 3:15PM sala 202 - UNIRIO VII ESOCITE - Sessão 45 - Chair: João Porto de Albuquerque
Abstract.
Esta investigação, de cunho sócio-educativo, foca as transformações ocorridas no mundo do trabalho no tocante a exigência do novo perfil profissional dos trabalhadores centrado na lógica competência. O objetivo geral é o de contribuir para a compreensão da noção de competência e do seu uso social na gestão de pessoas, no âmbito empresarial. O objetivo específico consiste em analisar os princípios que norteiam as ações dos serviços de recrutamento e seleção na busca atual por trabalhadores, refletindo sobre os possíveis entendimentos e utilizações do modelo de competência. A hipótese de trabalho versa sobre os princípios que norteiam as ações dos serviços de recrutamento e seleção de pessoas na busca atual por trabalhadores estão centrados na lógica do posto de trabalho, na prescrição de atividades e na requisição de atitudes e comportamentos relativos ao desempenho do cargo. A pesquisa de campo ocorre junto aos serviços de recrutamento e seleção de trabalhadores na cidade de Belo Horizonte, MG, Brasil. As empresas escolhidas devem preencher o critério de escolha da amostra que é o de tempo de estabelecimento na cidade de no mínimo dez anos. Os dados estão sendo colhidos por meio de entrevista aberta e para analisá-los utiliza-se a análise de conteúdo. A sustentação teórica se dá por meio de pesquisa bibliográfica tomando-se por base autores como P. Zarifian, M. Dadoy, F. Ropé, R. Ruas, M. Stroobants, A. Fleury e M.T. Fleury, A. Tomasi, G. Le Boterf. Embora a pesquisa se encontre em andamento contando com uma amostra parcial dos dados, em parte responde ao seu questionamento central: que entendimentos os serviços de recrutamento e seleção de pessoas possuem do modelo de competências? Essa questão conduz a outra: que princípios norteiam, na atualidade, as ações dos serviços de recrutamento e seleção na busca de trabalhadores? Percebe-se a presença da lógica competência nos discursos e práticas dos serviços de recrutamento e seleção investigados mediante o uso de estudos de casos que buscam avaliar os candidatos e as suas competências fundamentados na idéia da incerteza e mobilização de saberes. Registre-se, contudo, que a presença dessa lógica se faz sem que haja o desaparecimento de práticas clássicas do modelo da qualificação, tais como os testes e inventários. Ou seja, as empresas selecionadoras buscam, quantitativamente, mapear as competências dos candidatos e comprovar se as capacidades exigidas pela organização são preenchidas por ele. Além disso, se no modelo taylorista-fordista o foco no posto de trabalho era a tônica, na atualidade, o olhar dos selecionadores sobre as vagas disponibilizadas pelas organizações, não abandonou de todo essa lógica. Uma vez que os recrutadores visitam o ambiente de trabalho com o objetivo conhecer o espaço de atuação do trabalhador e a cultura da empresa para assim melhor adequar o profissional ao cargo a ser desempenhado. Por outro lado, a função tornou-se mais fluida, abrindo espaço para que o saber ser atitudes e comportamentos sejam, então, considerados e explicitados nos processos de seleção. Assim, os princípios que norteiam as ações dos serviços de recrutamento e seleção na busca de trabalhadores na atualidade têm, em certa medida, conexão com os postulados teóricos dos pesquisadores da área, traduzidos na ênfase posta pelos entrevistados no saber escolarizado, na história de vida, tanto profissional quanto pessoal e do saber-ser, contextualizados, postos em ação. No discurso dos recrutadores não adianta dizer que você é competente, que detém conhecimentos e experiências, é preciso, como preconiza a lógica competência, comprovar pelo olhar do outro a competência. Contudo, um rol de competências mapeadas, sistematizadas e utilizadas como orientadoras de um processo seletivo, parece não mostrar aquilo que distingue um trabalhador do outro a sua subjetividade. Os resultados parciais relacionam-se ao entendimento do conceito de competência como algo que pode ser medido, quantificado. Nessa perspectiva, o trabalho parece ser tratado como um conjunto de tarefas ligadas ao modelo da qualificação, o que confirma a hipótese de trabalho. Palavras-chave: qualificação; lógica competência; recrutamento e seleção. Apoio FAPEMIG